Diálogo entre Ivone Pereira e Vianna de Carvalho


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DIÁLOGO ENTRE IVONE PEREIRA E VIANNA DE CARVALHO
SOBRE ARTE ESPIRITUALIDADE

A Beleza como necessidade da evolução do espírito, manifestações artísticas nas regiões espirituais inferiores e a reencarnação de espíritos artistas missionários, são alguns dos tópicos possíveis de serem percebidos em uma rápida interseção de conteúdos entre os autores: Vianna de Carvalho e Ivone Pereira.

Uma tendência natural ente corações intempestivos é classificar essa ou aquela manifestação artística, estilo ou obra de arte, como de boa ou má qualidade, mal ou bom gosto, de espiritualizada ou não, essa ação, apesar de natural, deve ser avaliada de maneira mais abrangente pelo indivíduo interessado nas questões espirituais.

Apesar de, tecnicamente, ser possível atribuir alguma referência a uma obra artística, devemos nos lembrar que, do ponto de vista da imortalidade, toda obra de arte tem sua função e cumpre seu papel, independente de gosto, vibração e nível intelectual com que se expressa.

No caminho da eternidade, o indivíduo, espírito imortal, necessita desenvolver sua inteligência e moral, ao mesmo tempo que também deve ampliar sua percepção estética do Belo.

           Cada espírito vê e sente a Arte com suas características e expressões evolutivas, porquanto, à medida que o ser progride, amplia a capacidade de perceber a beleza e senti-la nas suas várias expressões. Essa forma de identificação muito pessoal, que é resultado da experiência individual, expressa-se na aptidão por uma ou outra manifestação da arte, bem como na maneira de traduzir o sentimento no instante da sua captação. [1]

No livro Devassando o Invisível, Ivone Pereira contribui para o estudo desse ponto nos informando que a arte na espiritualidade é também objeto de estudo regular por parte dos espíritos, com claras intenções de oferecer ao indivíduo instrumento de reflexão intelectual e desenvolvimento espiritual.

       Aprendíamos, ainda!
     Progredíamos em conhecimentos obtendo, nas citadas reuniões, noções de Arte Clássica Transcendental, de que eram dignos expoentes não apenas nossos mestres, como outros que caridosamente nos visitavam, e até nossas vigilantes, que ensaiavam com eles nova modalidade de servir a Deus e à Criação, isto é, utilizando-se do Belo, empregando a Beleza!... [2]

As expressões artísticas estão presentes em diferentes planos da espiritualidade, nas regiões superiores e nos planos onde ainda estagiam espíritos em elevado grau de perturbação, diferenciando-se suas manifestações pelas característica daqueles que as habitam. É um pouco do que descreve Vianna de Carvalho, ao responder questões relativas à Arte, na obra Atualidade do Pensamento Espírita.

       (...) que existem esferas ainda superiores onde estagiam os espíritos rebeldes e primários que se comprazem no erro e no mal, sendo aí, diferente, porque mais grotescas as suas manifestações artísticas, pois que, também as existem. [3]

Não só no plano espiritual a arte é utilizada como instrumento de religação do espírito com o sentimento divino. No mundo físico a arte também é objeto da atenção dos planos superiores da vida, sendo seu desenvolvimento necessário ao momento de transição do planeta e dos indivíduos que o compõe.

Similar ao ocorrido no tempo histórico do Renascimento, onde os mesmos espíritos que vivenciaram a arte clássica grega, reencarnaram na Itália e países vizinhos, interferindo e transformando a manifestação artística daquele período, na atualidade, espíritos artistas missionários retornam a vida física com a tarefa de espiritualizar a manifestação artística da contemporaneidade.

Essa reflexão pode ser ampliada pelos depoimentos de Ivone, década de 40 do século passado, e Vianna, primeiros anos do nosso novo milênio.

Ivone Pereira, referindo-se a Chopin, relata:

     Declarou que, salvo resoluções posteriores, pretende reencarnar no Brasil, país que futuramente muito auxiliará o triunfo moral das criaturas necessitadas de progresso, mas que tal acontecimento só se verificará do ano de 2000 em diante, quando descerá à Terra brilhante falange com o compromisso de levantar, moralizar e sublimar as Artes. Não poderá precisar a época exata. Só sabe que será depois do ano de 2000, e que a dita falange será como que capitaneada por Vítor Hugo, Espírito experiente e orientador (a quem se acha ligado por afinidades espirituais seculares), capaz de executar missões dessa natureza. [4]

Informação que dialoga com as afirmações de Vianna de Carvalho, sob a psicografia de Divaldo Franco:

       Neste Crepúsculo de milênio e quase amanhecer de uma Nova Era, já se encontram em processos de renascimento orgânico os Missionários da beleza, qual tem sucedido em todos os períodos passados, trazendo programas de rara sensibilidade e emoção, promovendo as variadas expressões da Cultura, da Ciência e da Arte. [5]

As citações descritas, relativas a um conteúdo tão diverso, são apenas alguns links possíveis entre os relatos de Ivone Pereira e Vianna de Carvalho, diálogo doutrinário criado com a simples intenção de provocar a reflexão a partir de diferentes opiniões espirituais. A leitura dos conteúdos originais da literatura citada, ampliará a percepção do interessado nos estudos da arte espírita.

A Beleza como necessidade da evolução do espírito, manifestações artísticas nas regiões espirituais inferiores e a reencarnação de espíritos artistas missionários podem ainda ser objeto de pesquisa em diferentes literaturas e obras doutrinárias.
                                                                                                       Edmundo Cezar

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[1] CARVALHO, Vianna. Atualidade do Pensamento Espírita, por Divaldo Franco. Pg122. 3a. Edição – Salvador, Ed Alvorada, 2002.
[2] PEREIRA, Ivone. Memórias de um Suicida, pg193. 10a. Edição – Rio de Janeiro, FEB – 1955.
[3] CARVALHO, Vianna. Atualidade do Pensamento Espírita, por Divaldo Franco. Pg124. 3a. Edição – Salvador, Ed Alvorada, 2002.
[4] PEREIRA, Ivone. Devassando o Invisível, pg39. 2a. Edição – Rio de Janeiro, FEB – 1943.
[5] CARVALHO, Vianna. Atualidade do Pensamento Espírita, por Divaldo Franco. Pg197. 3a. Edição – Salvador, Ed Alvorada, 2002

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Teatro e Indução Magnética



TEATRO E INDUÇÃO MAGNÉTICA


A Grécia é o berço do teatro ocidental, mas foi também na Grécia, especificamente na região da Magnésia, que era encontrado em abundância um dos mais importantes minerais: a magnetita.
A Magnetita, ou as “pedras mágicas” como eram chamadas na antiguidade, é a pedra-imã mais magnética entre todos os minerais do planeta, possuindo forma cristalina, quebradiça, de cor preta e brilho metálico.
Isso nos faz lembrar que nosso planeta é um grande magneto, girando em seu próprio eixo, por onde circulam permanentemente ente seus polos norte e sul, ondas eletromagnéticas. Abordando de forma mais abrangente pode-se afirmar que toda a vida na Terra produz algum tipo de agitação e que toda agitação, por consequência, produz ondas. Curtas, longas, de frequências variáveis e características múltiplas, estamos permanentemente mergulhados em um mar de ondas de variadas amplitudes.
Dentre as infinitas possibilidades de comprimento de onda, nosso ouvido capta apenas o curto limite de 20 a 20.000 hertz, escapando-nos a percepção das frequências fora dessa faixa, como por exemplo: os raios gama, o raio-X e as ondas infravermelhas.
Nós, indivíduos agentes no planeta, produzimos pelo pensamento ondas que se propagam em frequência que também nos foge à percepção. Curioso é constatar que, sob a ótica da existência de um universo extrafísico, nossos pensamentos se materializam, adquirindo formas e texturas próprias.
           Sempre que pensamos, expressando o campo íntimo na ideação e na palavra, na atitude e no exemplo, criamos formas pensamentos ou imagens-moldes que arrojamos para fora de nós, pela atmosfera psíquica que nos caracteriza a presença. (A. LUIZ, 1973)
Podemos então afirmar que, uma peça teatral, que é construída inicialmente pelos pensamentos e ondas mentais de seus participantes, cria ao redor de si certa intensidade de vibração magnética capaz de irradiar suas características até os espectadores.
Vale lembrar outro aspecto, o de que ondas oriundas de fontes diferentes, mas dotadas da mesma frequência, tendem a entrar em ressonância quando se encontram, o que resulta numa potencialização do efeito delas.  É como se a energia que elas transportam se fortalecesse pelo encontro em mesma frequência.
Inevitavelmente, o processo de ensaio e apresentação de uma peça teatral provocará a ressonância com indivíduos espirituais que se afinizem com o mesmo padrão de ondas, sejam de elevada ou baixa vibração, que podem, os indivíduos, ter ou não consciência mental da situação em que se encontram, bem como sofrerá  o espetáculo a interferência das formas pensamentos preexistentes no palco e no ambiente da plateia.
A plateia também é um grande campo magnético, tão diverso e múltiplo quantos sejam os interesses em que cada indivíduo está mergulhado.
         Uma assembleia é um foco de irradiação de pensamentos diversos. É como uma orquestra, um coro de pensamentos, onde cada um emite uma nota. Resulta daí uma multiplicidade de correntes e de eflúvios fluídicos cuja impressão cada um recebe pelo sentido espiritual, como num coro musical cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição. (KARDEC, 1994)
Vale recordar que a indução magnética, estudada pelo físico britânico James Clerk Maxwell,  consiste no processo onde um corpo eletrificado pode transferir para outro características suas, tendo ou não contato físico entre eles.
André Luiz, ao propor um estudo do fenômeno da mediunidade, oferece-nos o conceito de indução mental, que se daria de maneira análoga materializando-se quando indivíduos transmitem e recebem impressões entre si, como dois corpos de diferentes temperaturas transferem calor do mais aquecido para o mais frio, podendo estar em contato físico ou próximos o bastante para que a troca se estabeleça.
         (…) no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, porquanto a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize.
(A. LUIZ, 1973)
O espetáculo teatral, onde os atores, técnicos e demais envolvidos, chegaram ao teatro com antecedência, realizaram sua preparação técnica e emocional e encontra-se, ao abrir das cortinas,  pleno da chama sagrada de Téspis, torna-se um grande corpo vibrante de energias, ondas e formas pensamentos, produzindo uma determinada indução magnética com aqueles que compõem sua plateia.
Os espectadores, de características diversas e plurais, que, ao entrarem no ambiente teatral, que começaram a ter seus comprimentos de onda mental alterados pela musicalidade do ambiente, por estímulos visuais disponíveis ainda no foyer e pelo estado de espirito de “adesão” ao espetáculo, torna-se um corpo capaz de ser induzido, ter suas emissões de pensamentos alterados e padrões mentais desconstruídos pela observação e, principalmente, pela vivência do fenômeno teatral.

            Uma conversação, essa ou aquela leitura, a contemplação de um quadro, a ideia voltada para certo assunto, um espetáculo artístico, uma visita efetuada ou recebida, um conselho ou uma opinião representam agentes de indução, que variam segundo a natureza que lhes é característica, com resultados tanto mais amplos quanto maior se nos faça a fixação mental ao redor deles. (A. LUIZ, 1973)
O espetáculo teatral, mais do que objeto de entretenimento e reflexão social, é instrumento capaz de irradiar energias que, ao entrarem em contato com o campo de vibração de cada indivíduo (áura), produzirá sensações de bem estar, ansiedade, calma, tranquilidade, indignação, etc.
Essas sensações independerão de uma abordagem racional, pois o circuito magnético-espiritual que se estabelece entre espetáculo e plateia passeia pelo campo das vibrações, diretamente ligadas ao universo dos sentimentos.
Refletimos e arremessamos aos outros as imagens que habitam em nosso entorno espiritual, criadas por nossos pensamentos. Sendo assim, o artista que deseja retratar a beleza, a claridade e a espiritualidade deve exercitar-se em instalar a beleza, a claridade e a espiritualidade em sua própria vida íntima.
                                                                                                     
                                                                                                        Edmundo Cezar
LUIZ, André. Mecanismos da Mediunidade. 10a. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973, pág. 83.
KARDEC, Allan. A Gênese. 17A ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994, pág. 286.
LUIZ, André. Mecanismos da Mediunidade. 10a. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1973, pág. 41.
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Kardec vai ao Teatro



KARDEC VAI AO TEATRO

Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, faz considerações importantes sobre a interferência dos desencarnados nas apresentações artísticas, que merecem a atenção e o estudo por parte dos que atuam nas artes cênicas.

O Livro dos Médiuns, que possui o subtítulo de “Guia dos Médiuns e dos Evocadores”, resultado das observações práticas do professor Hippolyte Rivail, que o publicou em 1861 com o pseudônimo de Allan Kardec, apresenta em seu capítulo 14 uma significativa descrição da influência que os espíritos podem exercer sobre um espetáculo artístico.

Descreve o professor francês que, na companhia de um médium vidente, teve a oportunidade de assistir um espetáculo de teatro, especificamente a ópera Oberon, da autoria de Wagner, onde havia alguns lugares vazios na plateia, e que espíritos desencarnados ocupavam esses lugares vazios, parecendo ainda que alguns colocavam-se na posição de ouvirem os comentários que os membros da plateia faziam sobre a peça. Outros desencarnados, agiam de forma diferente posicionado-se entre os atores, parodiando grotescamente suas gesticulações.

Chamou a atenção de Kardec, e do médium vidente que o auxiliava, de que alguns desencarnados colocavam-se em posição de auxílio aos artistas envolvidos no espetáculo.
          (…) outros, mais sérios, pareciam inspirar os cantores e fazer esforços por lhes dar  energia. Um deles se conservava sempre junto de uma das principais cantoras.
 [1]
Na busca de compreender melhor como se dava o processo de influência do mundo espiritual no físico, Kardec toma a inciativa, durante o intervalo de um ato, de evocar, ali mesmo, no teatro, aquele espírito que se mantinha próximo à cantora principal, onde ele, o espírito, informa que tem a função de guia da atriz, encarregado de protegê-la e inspirá-la, e após alguns minutos de uma conversa séria, o espírito se despediu.
         
             Adeus; ela está em seu camarim; é preciso que vá vigiá-la.
Kardec, em sua busca de informações, realiza a evocação de Weber, autor da peça, que já se encontrava desencarnado, onde questiona o espírito sobre o que achava ele da execução de sua obra. Weber então responde que a montagem era sem inspiração, nada má, mas fraca, surpreendendo o professor francês ao, por iniciativa própria, dirigir-se ao palco e interfirir no magnetismo dos artistas.

            Espera, acrescentou, vou tentar dar-lhes um pouco do fogo sagrado. Foi visto, daí a nada, no palco, pairando acima dos atores. Partindo dele, um como eflúvio se derramava sobre os intérpretes. Houve, então, nestes, visível recrudescência de energia.

Nesse simples relato produzido por Kardec e registrado em O Livro dos Médiuns, é possível perceber a interferência prática que o mundo espiritual pode exercer sobre o físico, especificamente sobre uma obra artística.

No relato, observamos a presença de desencarnados, tanto na plateia como no palco, cada um agindo e reagindo conforme sua intenção, sintonizando-se ou não com os artistas e com os espectadores. O espírito amigo de uma das cantoras mostra-se atento, próximo a ela durante a apresentação, buscando claramente protegê-la do magnetismo e da influência dos espíritos zombeteiros e brincalhões do ambiente, como demonstra ainda preocupação com as ações e possibilidades de sua pupila nos bastidores da encenação.

Já o autor da ópera, evocado por Kardec, demonstra, exemplificarmente, como a proximidade e o interesse de um espírito bem intencionado, auxiliando com a doação de seus próprios fluidos, pode produzir a vitalização energética de um artista ou de um espetáculo na irradiação magnética da apresentação artística que chega à plateia, formada tanto de vivos como de mortos.

Esse ocorrido, presenciado e registrado por Kardec, com artistas que, provavelmente, desconheciam por completo a possibilidade da existência dos espíritos e da influencia deles no mundo físico, nos traz reflexões e indagações que merecem nossos estudos:

Que tipo de produção artística pode produzir a sintonia com espíritos superiores, protegendo-a e vitalizando-a com um magnetismo saudável?

Que ação prática dos artistas envolvidos atrairá espíritos brincalhões, sérios, superiores ou zombeteiros?

Os artistas que conhecem o Espiritismo, em comunhão com a espiritualidade, podem produzir uma ação cênica diferenciada?

                                                                                                      Edmundo Cezar
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 [1] – KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Trad. de Renata Barboza da Silva e Simone T. N. Bele da Silva. São Paulo, Ed. Petit. 2004
Oberon: Ópera romântica em três atos composta pelo alemão Carl Maria Weber. Sua estreia ocorreu em 1826. 
Weber: Carl Maria von Weber (1786-1826) – Conhecido pelo sobrenome Weber, um dos primeiros compositores significantes da Era Romântica. Interessado em novas sonoridades e combinações instrumentais, tornou-se um dos maiores compositores do Ocidente. Na transição do Classicismo para o Romantismo, sua obra introduziu a nova estética na Alemanha.
Evocação: É a comunicação do Espírito feita mediante o chamamento.
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Chacrinha no Umbral


CHACRINHA NO UMBRAL.

O local era como o de um show qualquer realizado na Terra, embora as sombras que demarcavam o ambiente espiritual, situado na região inferior do astral, para além dos limites de uma clareira gigantesca. Abria-se diante de meus olhos uma situação nova e diferente. Parecia que eu estava em um anfiteatro, no qual o palco era localizado no centro de imensas fileiras de arquibancadas concêntricas.

Acima do local onde seria realizado o Show via diversos espíritos ensaiando uma coreografia no ar, pareciam dançarinos que se elevavam às alturas. À medida que dançavam, seus movimentos tomavam o aspecto de fitas multicoloridas e esvoaçantes, q ue rodopiavam ao sabor do vento. Era algo que, na Terra, entre os chamados vivos, seria impossível imitar.

Telões gigantescos projetavam imagens de paisagens verdadeiramente paradisíacas e – de que modo, desconheço – também deixavam transparecer aromas e o frescor da brisa das paisagens exibidas, bem como o calor agradável do sol.

__ Essa é uma tecnologia que ainda não chegou a terra. Utilizamos essas imagens holográficas de forma a facilitar, para os espíritos desta região de sofrimento, a visualização de situações e regiões mais felizes. Assim, durante as apresentações artísticas, eles poderão não somente ouvir as músicas, mas vê-las, de acordo com os sentimentos que animam o cantor desencarnado. Entrando em sintonia com essas paisagens ou aquelas situações sugeridas nas letras das músicas que serão cantadas, poderão modificar sensivelmente seu clima mental.

Mal o espírito havia falado comigo, dando suas explicações, e pude ver o Velho Guerreiro assumindo o palco para iniciar seu Show da vida. A princípio apenas uns poucos espíritos pareciam ouvi-lo, sentados em cadeiras e arquibancadas improvisadas em meio àquela paisagem espiritual não muito convidativa. Foi assim até ele chamar alguns artistas, que se revezavam nas músicas e nas demais apresentações.

De todo lado vinham espíritos, atraídos pela música. Parecia uma procissão de almas torturadas, verdadeiros fantasmas que seguiam a música intuitivamente, quase em estado sonambúlico. Eram recebidos por uma equipe de espíritos que se assemelhavam a enfermeiros e que os conduziam aos lugares anteriormente reservados.

Acima da multidão que se aglomerava no ambiente, bailarinas acompanhavam o ritmo da música de Elis, de Clara Nunes e de tantos outros artistas que se apresentavam naquela noite.
Durante as coreografias, algo como pétalas de flores luminosas caía sobre a assembleia de almas enfermas. Enquanto isso, cada um dos presentes era transportado para as paisagens e imagens projetadas nas telas gigantescas, que pairavam ao lado do palco. Jamais eu poderia imaginar algo semelhante. Pude ver, por mim mesmo, como aqueles seres, espíritos humanos, acordavam de um sono, talvez de um pesadelo composto pela dor e sofrimento, e eram assistidos e amparados pelos chamados espíritos samaritanos. Acordavam de sua situação íntima encantados pela música, a poesia e todo o conteúdo de pura beleza daquela megashow espiritual.

Só então percebi o efeito das luzes coloridas, que me faziam lembrar os holofotes dos palcos da terra. Assim que os espíritos despertavam de seu sono (ou pesadelo), isto é, quando recobravam a consciência devido a ação da música, jorravam do alto luzes e cores cintilantes, que provocavam tamanho efeito benéfico que eu mesmo pude sentir.

(…) as cores como que penetravam em cada célula do nosso corpo espiritual. O ritmo da música aliado às vibrações das luzes coloridas fazia com que os corpos espirituais passassem a vibrar em sintonia diferente da usual. Alguns ali pareciam acordar de uma letargia secular.

Quanto a mim, observei desprender-se, principalmente da região genital e da área em redor do meu peito, uma substância similar a placas gelatinosas, conforme se afigurava a minha visão de espírito inexperiente. Com isso, me sentia cada vez mais leve. Olhei a minha volta e pude perceber que algo semelhante ocorria com os demais espíritos, que, como eu, eram necessitados de socorro e de recuperação.

Ao voltar os olhos para o que se passava a meu redor, presenciei o desfile de artistas desencarnados. Sabia que a maioria deles trazia graves problemas íntimos e talvez ainda estivesse longe de solucioná-los.

Quando de posse do corpo físico, a fama, o palco e os aplausos acabam por nublar a visão espiritual, a visão das coisas tais como são. Na rede das ilusões que aqueles elementos mundanos criam, perde-se contato com o verdadeiro sentido e propósito da arte, que é relegado aos bastidores.
Talvez por isso, grande parte daqueles cantores, bailarinos, músicos e demais espíritos que alise apresentavam, também trouxessem em si graves problemas a serem resolvidos.
                                                                                                     Edmundo Cezar
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INÁCIO, Ângelo. Faz parte do meu Show, por Robson Pinheiro. Compilação do Capítulo 6. 1a. Edição – Contagem, Ed Casa dos Espíritos, 2004.

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10 Anos com Rosemary Brown



10 ANOS COM ROSEMARY BROWN

Em 16 de novembro de 2001, desencarnava silenciosamente a médium Rosemary Brown.

A simpática senhora de 85 anos de idade, deixou o mundo físico discretamente, em contraponto ao seu “sucesso” em vida quando ficou conhecida pelo intercâmbio mediúnico com espíritos de compositores célebres de música erudita, havendo recebido deles mais de 400 partituras. Entre esses espíritos, estavam Liszt (com o qual tinha contato mais frequente, sendo este também o seu mentor espiritual), Chopin, Schubert, Beethoven, Bach, Brahms, Schumann, Debussy, Grieg, Berlioz, Rachamaninoff, Mozart, entre outros.

Rosemary Brown, obteve destaque na mídia nos anos 70. Apareceu em programas de TV, dentre eles um documentário para a emissora britânica BBC, quando, diante das câmeras, recebeu mediunicamente uma partitura inédita de Liszt de elevada dificuldade técnica: possuía seis sustenidos na clave e compassos distintos para as mãos: 5/4 na direita e 3/2 na esquerda. Brown afirmou que a peça era difícil demais para ela própria executar. Um pianista profissional então se ocupou de tocá-la. Posteriormente, a peça foi analisada por Humphrey Searle, compositor britânico e grande estudioso de Liszt, que ressaltou as harmonias avançadas e a tonalidade típica das últimas composições de Liszt.

No Brasil, contamos com a edição em português do livro Contatos Musicais, de sua autoria, que descreve a trajetória de preparação de sua mediunidade, das dificuldades que encontrou e de como cada compositor se aproximava e conseguia se expressar através dela.

A possibilidade mediúnica da Sra. Brown é descrita por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns.

Médiuns músicos: executam, compõem ou escrevem músicas sob a influência dos Espíritos. Há médiuns músicos mecânicos, semimecânicos,
intuitivos e inspirados, assim como os há para as comunicações literárias.
[1]

A artista plástica Elsie Dubugras escreveu o prefácio da edição do livro Contatos Musicais. Elsie, que desencarnou em 2006, também era jornalista e médium. Estudiosa da parapsicologia, durante trinta e três anos foi editora especial da Revista Planeta e apresentou ao mundo o trabalho do médium brasileiro Luiz Antônio Gaspareto. Em seu prefácio, Elsie chama carinhosamente a Sra Brown de Chico Xavier da música, argumentando que:

Conversa com os grandes da música como o nosso Chico conversa com os grandes da literatura. Como o Chico, é pessoa de origem humilde, e, como ele, a educação que recebeu não a habilitaria jamais à virtuosidade no teclado ou no campo da composição. Não sabe orquestrar música para instrumentos de corda, mas recebeu de Brahms dois quartetos de cordas. O Chico Xavier não é poeta, nem literato, nem cientista, mas a poesia, a literatura e a ciência jorram sem cessar de sua pena. Como o Chico, Rosemary manifestou faculdades mediúnicas desde a mais tenra idade, via e ouvia espíritos, comunicava-se com o outro lado da vida, tendo conhecimento de certos fatos passados e, por vezes, do futuro. O paralelo entre esses dois vultos da mediunidade, cada um no seu setor, é mais do que evidente, mas não deixa de ser curioso e
digno de especial atenção.
[2]

Rosemary, trabalhava como merendeira de uma escola pública na época em que começou a receber as primeiras partituras. Três LPs contendo algumas das músicas recebidas foram lançados. O primeiro foi gravado em 1970, pelo pianista Peter Katin. O segundo saiu em 1977, por Howard Shelley, e o último em 1988, por Leslie Howard.

A produção de músicas mediúnicas cessou nos anos 80, mas Brown continuou, até o fim da vida, dedicada a sua crença e indiferente a assuntos materiais e mundanos.

Contestada na veracidade de sua produção mediúnica, em uma Inglaterra historicamente resistente ao conceito da reecarnação, sua partituras dividiram opiniões surgindo algumas teorias absurdas sobre um possível conhecimento musical que teria quando criança mas teria sofrido de amnésia e não recordava-se desse fato, teoria contestada pelo médico que a conhecia desde o nascimento.

Qualquer pessoa que conheça música sabe que eu teria que ser quase um gênio musical para ter obtido tudo isso sozinha, mas a maioria dos céticos que desconhecem música não imaginam quanto é difícil compor. Talvez a maior parte dos musicistas competentes, dotados do dom de improvisação, possam tomar uma melodia qualquer e tocá-la de forma clássica – embora mesmo isso me seja impossível, visto eu não ser capaz de improvisar coisa alguma. Mas, compor realmente, nos diferentes estilos dos compositores – bem, isso já é completamente diferente.
[3]

Passados 10 anos de sua desencarnação, nos umbrais de seu décimo primeiro aniversário, o esforço mediúnico de Rosemary Brown, em uma ação coordenada pela espiritualidade superior, merece a atenção e o estudo dos interessados na relação arte e espiritismo.
                                                                                                    Edmundo Cezar
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[1] – KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Trad. de Renata Barboza da Silva e Simone T. N. Bele da Silva. São Paulo, Ed. Petit. 2004
[2] – BROWN, Rosemary. Contatos Musicais. Trad. de Agenor de Mello Pegado. São Paulo, Ed. Livraria Espírita Boa Nova. 1971

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Impressionismo


Eixo Temático: História da Arte
Tema: Impressionismo

IMPRESSIONISMO

O Impressionismo é um movimento artístico surgido na França no século XIX que criou uma nova visão conceitual da natureza, utilizando pinceladas soltas, dando ênfase na luz e no movimento. Geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as nuances da luz e da natureza.
A denominação Impressionismo foi dada a partir de uma declaração pejorativa do crítico de arte francês Louis Leroy ao ver a tela de Monet: Impressão, Nascer do Sol. O grupo ficou conhecido por realizar uma pintura ao ar livre, em frente ao motivo, numa nova concepção de pintura, de celebração dos espaços do mundo e da luz. Adotando um princípio dinâmico por excelência, o grupo também eliminou as referências mitológicas, religiosas e históricas para refletir a vida contemporânea e a nova Paris, as impressões momentâneas e fugazes de seu cotidiano.

 Os autores impressionistas não mais se preocupavam com os preceitos do Realismo ou da academia. A busca pelos elementos fundamentais de cada arte levou os pintores impressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma.
Orientações gerais que caracterizam a pintura impressionista:
  • a pintura deve mostrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz do sol num determinado momento, pois as cores da natureza mudam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol;
  • é também com isto uma pintura instantânea(captar o momento), recorrendo, inclusivamente à fotografia;
  • as figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro passando a ser a mancha/cor;
  • as sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam. O preto jamais é usado em uma obra impressionista plena;
  • os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim um amarelo próximo a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos academicistas no passado.
  • as cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura de pigmentos. Pelo contrário,devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas.
Entre os principais expoentes do Impressionismo estão Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas, Auguste Renoir e Camille Pissaro.
Originando-se na França, música impressionista é caracterizada por sugestão e atmosfera. Compositores impressionistas preferiam composições com formas mais curtas, tais como o nocturne, arabesque, e o prelúdio; além disto, frequentemente exploravam escalas, como a hexafônica ou também chamada de tons inteiros.
O termo Impressionismo também é usado para descrever obras de literatura nas quais basta acrescentar poucos detalhes para estabelecer as impressões sensoriais de um incidente ou cena. Autores tais como Virgínia Woolf e Joseph Conrad escreveram trabalhos impressionistas de modo que, em vez de interpretar, eles descrevem as impressões, sensações e emoções que constituem uma vida mental de um caráter.


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